A eleição de dois conselheiros independentes para o Conselho de Administração da Vale ocorre na quarta-feira (18). Isabella Saboya, Marcelo Gasparino, Ricardo Reisen e Sandra Guerra estão na disputa, lançados por investidores estrangeiros e brasileiros, inscritos no boletim de voto a distância (BVD), mecanismo criado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para facilitar a participação de investidores em assembleia. Podem surgir outros candidatos na AGE, mas os quatro candidatos aparecem como favoritos.
Em entrevista ao Valor Econômico, os quatro candidatos disseram por que querem ser conselheiros da mineradora e falaram sobre suas expectativas para a eleição, além de suas prioridades, se eleitos, e sobre temas que consideram prioritários para a Vale. Eles também abordaram o papel do conselheiro.
A AGE da Vale vai apreciar outros dois temas: mudanças no estatuto social da empresa e a proposta de conversão de ações preferenciais remanescentes em ações ordinárias. A AGE está marcada para às 10h e, no mesmo dia, às 17h, uma assembleia especial de acionistas preferencialistas vai deliberar sobre a conversão de ações. A troca de ações PNA em ON faz parte do processo de migração da Vale para o Novo Mercado da B3, o que pode ocorrer ainda este ano. A eleição dos dois conselheiros independentes para um mandato que termina em abril de 2019 também faz parte desse movimento.
Reisen, um dos quatro candidatos, disse que a adesão ao Novo Mercado, que obriga a empresa a ter no mínimo 20% de conselheiros independentes no conselho, é meritória mas não suficiente. “No mercado americano, por exemplo, conselheiros independentes representam cerca de 66% de todas as posições de conselho de companhias abertas, ou 72% das que estão no S&P 500. Esta deverá ser a tendência de companhias como a Vale”, afirmou. Reisen teve o nome apontado para concorrer à Vale por grupo de 12 investidores brasileiros liderados por Geração Futuro L. Par e Tempo Capital.
Reisen disputará a eleição majoritária na AGE, na qual votam os ordinaristas, contra Isabella Saboya, indicada pela gestora britânica Aberdeen. Isabella disse que o projeto da Vale rumo a uma “corporação” alça conselheiros independentes ao “protagonismo” na empresa. “O papel do independente é o de conferir robustez e legitimidade às decisões do conselho por seu caráter técnico e por ser quase sempre o melhor posicionado para exercer o dever de diligência”, disse Isabella. Citou Ram Charan, guru de conselheiros: “A independência de um conselheiro não é um item do currículo vitae e sim, um estado de espírito”, declarou.
A Aberdeen também indicou Sandra Guerra, experiente militante da governança, para concorrer a uma das vagas na Vale. No BVD, Sandra vai disputar a eleição em separado dos acionistas controladores contra Marcelo Gasparino, indicado pelo mesmo grupo de investidores que apontou Reisen. Mas se a eleição em separado não ocorrer, nada impede que Sandra seja apontada na AGE para disputar a eleição majoritária, embora seu nome não vá constar do boletim de voto a distância.
“Ao longo dos anos, aprendi que o respeito que um conselheiro independente tem de seus pares faz toda a diferença para sua capacidade de influir. Em certos casos, sua atuação acaba por transformá-lo em um mediador ou facilitador em situações de polarização, conflito ou visões muito díspares”, disse Sandra.
Gasparino disse que sua experiência de 20 mandatos em conselhos poderá ser um diferencial a seu favor. “Com minha atuação em companhias de Minas Gerais, como a Cemig, estarei à disposição para, de forma ética e responsável, ajudar a Vale a readquirir a permissão social para operar a Samarco”, afirmou. Ele disse ser o único candidato a concorrer “apenas” na eleição em separado.
Sandra recebeu as recomendações da ISS e Glass Lewis, consultorias de representação e análise de votos, para a AGE, enquanto Isabella foi recomendada pela ISS.
Fonte: Valor Econômico