Vale, BNDES e Logos Tecnocom desenvolvem tecnologia inédita

23/09/11

Depois de extensas pesquisas que se iniciaram há mais de 35 anos, a Tecnored Desenvolvimento Tecnológico S.A., empresa da Vale em parceria com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social e a Logos Tecnocom, deu início à operação da primeira planta-demonstração de produção de ferro-gusa, em Pindamonhangaba (SP), que não usa os métodos tradicionais adotados nos alto-fornos siderúrgicos.

O ferro-gusa é elemento fundamental para a produção de aço. O ferro funde-se e se acumula no fundo do reator sob a forma de gusa, juntamente com outro produto líquido, constituído de algumas impurezas, chamada de escória. Ao sair do alto-forno, o ferro-gusa ainda possui impurezas, como fósforo, que são retiradas na aciaria, que é a etapa em que o ferro-gusa é transformado em aço líquido. A inovação permite aumento de produtividade, redução de emissões de CO2 e particulados, flexibilidade de matéria-prima e um corte de custo que pode chegar a 30% na produção siderúrgica.

A tecnologia, chamada de Tecnored, poderá ajudar a aumentar a vida útil das minas da Vale e reduzir o impacto ambiental, uma vez que possibilita produzir gusa a partir de minérios com diferentes teores e qualidades, e até mesmo com os ultrafinos de ferro, hoje estocados em barragens de rejeito.

“Ao usar os finos de minério de ferro, conseguimos reduzir a necessidade de abrir novas áreas destinadas a barragens, que precisam de licenciamento ambiental para serem criadas”, disse o diretor global de Marketing de Materiais Básicos da Vale, Pedro Gutemberg,

Ele afirmou que embora os resultados sejam animadores, o Tecnored está ainda em seu primeiro estágio de maturação. Os próximos passos, agora, são garantir a estabilidade operacional e buscar a viabilidade econômica, destacou o executivo.

O segredo da nova tecnologia está no uso de briquetes a frio, que são espécies travesseiros de 50 milímetros, formado por aglomerado composto por partículas finas de minério de ferro e produto redutor, como diversos tipos de carvão. O redutor retira o oxigênio do minério de ferro, que, quando aquecido no forno, transforma-se em gusa. Para fornecer energia ao processo, é possível usar combustíveis de baixo custo, como o carvão ou mesmo biomassa, como madeira de reflorestamento ou bagaço de cana.

Por usar briquetes a frio, a nova tecnologia, chamada de Tecnored, dispensa o uso de coqueria, local onde é preparado o carvão para uso no alto forno, e sinterização, processo térmico que aglomera os finos de minério, processos indispensáveis em uma siderúrgica, o que impacta fortemente no custo de construção da planta industrial.

Sem coqueria e sinterização, é possível reduzir o consumo de energia e, assim, as emissões de particulados e gás carbônico, além de aumentar a produtividade de todo o processo. Isto porque a redução dos óxidos de ferro com Tecnored é realizada em apenas 30 minutos, enquanto nos altos fornos a coque, por exemplo, pode chegar a 8 horas de duração.

Segundo o diretor da Vale, a inovação representa grande oportunidade de produção de gusa a preços mais competitivos, que poderá atrair mais parceiros internacionais para os projetos siderúrgicos que a empresa vem desenvolvendo no Brasil. “É preciso ressaltar ainda que essa é tecnologia genuinamente brasileira, desenvolvida com o apoio total da Vale”, afirmou.

A Vale detém 43,04% das ações da Tecnored; o BNDESPar, braço de participações do banco, 31,79%; e a Logos Tecnocom, que reúne os pesquisadores que desenvolveram a tecnologia, tem 25,17%. Já foram depositados sete patentes relacionadas à nova tecnologia, com alcance em 35 países.

A planta-demonstração tem capacidade de produção de 75 mil toneladas por ano. O start-up ocorreu no dia 12. Desde que entrou na sociedade, em 2009, a Vale investiu cerca de R$ 130 milhões, dos cerca de R$ 250 milhões já aplicados no desenvolvimento do projeto.

Fonte: Diário do Grande ABC

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