Equipamento que retira o líquido do rejeito, aumentando a segurança da barragem, bactérias que limpam a água usada na mineração são alguns exemplos.
Quando o assunto é água, os holandeses se destacam mundialmente na busca por soluções inovadoras e sustentáveis, como pode ser visto em barragens e diques espalhados pelo país, que tem um quarto do território abaixo do nível do mar. Essa especialização, traduzida em mais de 1.500 empresas que atuam no setor de água, tem gerado participação holandesa em projetos em vários países, inclusive em mineradoras. Na última Exposibram, realizada em Belo Horizonte, as tecnologias oferecidas pela missão holandesa foram um destaque no evento.
Para Remon Daniel Boef, Representante Chefe do NBSO (escritório holandês de apoio aos negócios no Brasil), a participação holandesa foi avaliada como acima das expectativas. “A Exposibram, que é o principal evento do setor, ocorreu num momento em que a mineração no Brasil busca justamente o que as empresas holandesas têm a oferecer: propostas inovadoras de baixo impacto ambiental, seja por meio de máquinas ou projetos que atendem todo o ciclo de produção mineral, principalmente na interface com água”, afirmou Boef.
A missão holandesa no evento foi composta de 10 empresas: Hencon, Alia Instruments, TEMA BV, IHC Mining, Damen, Royal HaskoningDHV, Wetlantec, Antea Group, Deltares e Arcadis, além da NHTV Breda University, universidade especializada em turismo. Além dos contatos na feira e palestras, a delegação manteve encontros com executivos das maiores companhias do setor no Brasil – entre elas, ArcelorMittal, Vale e Usiminas –, apresentou seu portfólio de serviços para a Fundação Renova, encarregada de coordenar e compensar os danos causados pela tragédia de Mariana, e abriu oportunidades de negócios no mercado brasileiro por meio de contatos com potenciais clientes no estande da Holanda.
Especialistas brasileiros admitiram terem sido surpreendidos pelo modelo de atuação das empresas holandesas, marcado pela preocupação em desenvolver soluções de baixo impacto ambiental e custo-benefício satisfatório. “A questão da sustentabilidade na mineração passou a ser um tema urgente no Brasil após o acidente de Mariana, e as empresas holandesas demonstraram que sempre atuaram com essa característica”, disse Renato Ciminelli, assessor especial do Projeto Nova Mineração da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
O líder da missão, Dirk-Jan Koch, Enviado Especial para Recursos Naturais do governo holandês, participou de alguns desses encontros e ainda cumpriu uma extensa agenda paralela. Na terça-feira, Koch fez uma rápida viagem ao Rio, onde visitou o Brics- Centro de Estudos e Pesquisas e o Museu da Terra e ainda ministrou palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujo tema “A mineração pode ajudar no desenvolvimento do Brasil? O que aprender e não aprender com a Holanda” refletiu a abordagem das empresas holandesas ao longo da missão: oferecer a expertise do país na busca de soluções tecnológicas e sustentáveis para a mineração do Brasil.
No dia seguinte, Koch foi a Ouro Preto, onde se reuniu com especialistas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Na sequência, foi recepcionado na Prefeitura de Mariana por autoridades locais e conheceu de perto os estragos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em 2015, num rápido passeio pela região devastada, incluindo o vilarejo de Bento Rodrigues. Koch encerrou a participação holandesa no evento participando de uma mesa-redonda com acadêmicos e especialistas sobre o papel da mineração na governança da água. O debate serviu como uma discussão preparatória para o 8º Fórum Mundial da Água, que ocorrerá em março de 2018 em Brasília, pela primeira vez sediado no Brasil.
“O fato de as empresas holandesas atuarem em forma de rede, por meio da plataforma Água & Mineração, da NWP, que contempla todas as demandas de um projeto de mineração, é um diferencial e chamou a atenção dos participantes da Exposibram”, afirmou Koch. “Vale frisar que o modelo de atuação das empresas holandesas leva em conta não apenas as soluções técnicas de extração, mas o ecossistema como um todo, buscando atender as necessidades da comunidade do entorno onde a mineração está presente”, acrescentou.
Fonte: Conexão Mineral