Crise derruba commodities e preocupa empresários do setor, que preveem investimentos de US$ 68,5 bi no país até 2015
“A responsabilidade da indústria cresce porque tendem a cair as exportações dos produtos manufaturados do Brasil e o país acaba ficando dependente das commodities minerais e agrícolas”, afirma. Para se ter ideia do que essa dependência representa, o minério de ferro cotado acima de US$ 150 por tonelada já participa com mais de 80% da balança de comércio da mineração brasileira. Na última semana, os preços dessa vedete entre as matérias-primas industriais desceram de US$ 180 para US$ 175 por tonelada. Níquel, cobre, petróleo e ouro também amargaram perdas, de 8%, 6%, 1% e 6%, respectivamente, até sexta-feira.
As quedas das cotações indicam que vem recessão por aí e nem mesmo o minério de ferro vai escapar, observa Pedro Galdi, analista chefe da SLW Corretora. “O cenário está mudando muito, ainda não está claro. Pode ser que caminhe para o céu ou o inferno”, compara. Ancorada em projeções firmes de crescimento econômico, sobretudo da China, a indústria da mineração prevê investimentos recordes de US$ 68,5 bilhões no Brasil, deste ano até 2015, dos quais mais de um terço (36,6%), ou seja, US$ 25,061 bilhões, serão destinados a Minas Gerais, conforme estimativas do Ibram.
Trata-se de um volume de recursos sem precedentes na história da mineração, notadamente na indústria do ferro, impulsionada pelo apetite industrial da China e o enorme processo de urbanização do gigante asiático, destaca José Fernando Coura, presidente do Sindicato da Indústria Extrativa de Minas (Sindiextra). “Não há nenhum sinal de que a crise na Europa e nos Estados Unidos vai inibir os investimentos no Brasil, mas a turbulência, de fato, preocupa, porque aumentam os excedentes de produção na Europa”, afirma. Paulo Vargas Penna, do Ibram, pondera que a despeito do ambiente de crise as previsões de crescimento da China traçadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) estão mantidas em 9,9% neste ano, refletindo um grande processo de urbanização em curso.
EM FOCO A demanda mundial de minerais e os desafios da indústria da mineração serão discutidos de amanhã a quinta-feira, dia 29, na 14ª edição da Exposição Internacional de Mineração (Exposibram) e no Congresso Brasileiro de Mineração, no centro de convenções Expominas, em Belo Horizonte. São 70 empresas participantes, 390 expositores de 23 países, incluindo a China com dois pavilhões, e mais de 2 mil profissionais esperados para os debates. O Ibram ainda estima 45 mil visitantes.