José Mendo Mizael de Souza
Notícias recentes da economia e da mineração começam a apontar para uma mudança de rumo bastante positiva no que se refere ao Brasil e à indústria mineral, esta última não só no plano nacional, como no internacional. Por exemplo – e entre outros – o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, segundo o jornal Valor, “muda projeções e diz que há aceleração do crescimento ao ritmo de 3,2% no final do corrente ano. O número considera a taxa projetada para o quarto trimestre em relação ao previsto para o terceiro trimestre, em termos anualizados. […] Isso mostra que o crescimento está se acelerando, começa devagar e terminará o ano em ritmo de 3,2%”, afirmou o ministro, que acrescentou: “O que se sabe hoje é que o crescimento vai terminar 2017 de forma robusta e bastante acelerada”. Além desta visão do ministro Meirelles, outras notícias têm, também, caminhado no mesmo sentido. Assim, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), segundo o jornal Diário do Comércio, no que diz respeito à indústria da construção civil, divulgou que “aumenta a confiança do empresário minério”, explicitando: “Da mesma maneira, como o índice de confiança teve uma melhora substancial nos últimos meses, as condições atuais de negócios também vêm apresentando o mesmo destaque. Embora ambos ainda estejam abaixo dos 50 pontos [em fevereiro de 2017, 47,2 pontos], que dividem o pessimismo do otimismo, os números vêm melhorando”. Também analistas como Fernando Dantas, consultor do IBRE/FGV, em sua coluna em O Estado de S. Paulo, na mesma linha, escreve: “Há uma chance razoável de que uma das maiores recessões da história econômica brasileira tenha terminado no quarto trimestre de 2016, e que a fase de recuperação, ainda que gradual e lenta, esteja se iniciando neste primeiro trimestre de 2017. Os péssimos números do Produto Interno Bruto (PIB) de outubro a dezembro assustaram, com uma retração de 0,9% (na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior) que levou a economia brasileira a completar um ciclo infernal de queda de 7,2% desde o início de 2015. Mas indicadores de confiança e da economia real apontam uma retomada no primeiro trimestre. Basicamente, a indústria dá sinais de partir na frente na recuperação cíclica da economia, com uma contribuição expressiva das exportações, enquanto a agricultura saiu de um ano muito ruim para outro que tem tudo para ser muito bom. Os serviços, entretanto, são mais dependentes da renda dos consumidores e, com o mercado de trabalho ainda no fundo do poço, devem demorar mais a se recuperar. Como os serviços representam mais de 70% da economia, o resultado do PIB do primeiro trimestre não deve ser nada brilhante, e pode ficar bem perto de zero. Isso, porém, é menos importante do que verificar se de fato a indústria engatou a primeira marcha. É um padrão razoavelmente típico que os serviços demorem mais a entrar e a sair de recessão, sendo gradativamente puxados pela indústria, tanto para baixo quanto para cima”. Já a mineração, Renato Rostás, no Valor, destaca que “a recuperação dos preços das commodities industriais ajudou as principais mineradoras e negociadoras de matérias-primas a melhorarem seu resultado, e sua estrutura de capital durante o ano passado” e que “agora, as companhias acreditam que haverá arrefecimento no mercado internacional, mas ainda apostam em cotações elevadas para continuarem a embolsar os ganhos depois de dois anos de baixa”. No geral, as mineradoras estão mais otimistas do que os analistas quanto aos preços e têm motivos para aguardar isso. O Valor compilou os balanços de Vale, Rio Tinto, BHP Billiton, Fortescue Metals, Anglo American e Glencore, que registraram lucro líquido conjunto de US$ 7.08 bilhões no ano passado, ante perdas de US$ 31,3 bilhões em 2015, causadas em grande parte por baixas contábeis. E explica: “O resultado das mineradoras melhorou em 2016 com, além do aumento nas receitas, cortes de custos e de despesas financeiras. A receita líquida cresceu 2,1%, para US$ 276,61 bilhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) ajustado subiu 17%, para US$ 58,91 bilhões. A margem sobre esse indicador foi de 18,6% para 21,3%. Ao mesmo tempo, as empresas endureceram a disciplina sobre a estrutura de capital e a dívida líquida conjunta caiu 19,2%, para US$ 88,77 bilhões. A alavancagem, medida pela relação entre endividamento líquido e EBITDA, foi de 2,2 vezes para 1,5 vez. O setor também reduziu drasticamente o ritmo de investimentos, com baixa de 34,9% para US$ 21,3 bilhões. A previsão em 2017 é de US$ 22 bilhões”. O ministério de Minas e Energia está acompanhando tudo isso muito de perto, como ficou demonstrado com a presença e as falas da cúpula do órgão presente ao PDAC 2017, em Toronto, no Canadá – como atestaram os mineradores que lá estiveram -, sendo legítimo acreditar que o governo reformista irá acolher e implementar as sugestões que o ministério tem estudado, debatido com interessados dentro e fora da esfera pública e divulgado para a obtenção de sugestões; ou seja, os investidores na indústria mineral do País deverão, desde já, acompanhar muito de perto o que está ocorrendo, eis que certamente emergirão novidades durante o corrente ano de 2017.
Fonte: Revista Minérios & Minerales – Edição 386 – Março/2017 – www.revistaminerios.com.br