Foi despertada essa semana uma grande preocupação com a segurançada Barragem Bico da Pedra, em Minas Gerais, em relação à implantação daMineração de Riacho dos Machados. Segundo lideranças locais, a barragem derejeitos da mineradora ficará a apenas 300 metros de distância do ribeirão quedeságua na Barragem do Bico da Pedra.
Barragem de rejeitos é o local onde se armazena o materialque sobra do processo de extração do minério. No caso da Mineradora de Riachodos Machados, que vai extrair ouro, é utilizado o cianeto, um composto químicoaltamente venenoso e solúvel em água que pode vir a contaminar os rios elençóis freáticos. Além do cianeto e ainda mais perigoso, o arsênio, materialquímico altamente venenoso, é liberado a partir da exploração do ouro e podecontaminar o ar e a água, sendo também cancerígeno e agindo no organismo daspessoas de forma sigilosa.
Segundo a Superintendência Regional de RegularizaçãoAmbiental – Supram/NM a barragem de rejeitos a ser implantada é considerada degrande porte e será construída no córrego Olaria, que é afluente da margemesquerda do ribeirão Curral Novo que, por sua vez, deságua no Rio Gorutuba,onde existe a barragem que é utilizada para abastecimento público do municípiode Janaúba.
A sociedade está preocupada por causa dos grandes acidentesque já aconteceram com outras barragens de rejeitos como em Três Marias eMuriaé que tiveram prejuízos ambientais e sociais incalculáveis. Outrainsegurança é quanto ao uso constante de explosivos que pode vir a abalar aestrutura e segurança da barragem de rejeitos.
De acordo com Alvimar Ribeiro, da Comissão Pastoral da Terra(CPT) do Norte de Minas, também existe uma preocupação com a forma exploratóriacomo a empresa mineradora canadense vem tratando a comunidade. Para Alvimar, éimportante ver como é a legislação no país de origem da mineradora, pois, comcerteza, a barragem de rejeito deve ser emborrachada, o que garante muito maisproteção.
Segundo Maria de Lourdes Souza Nascimento, do Centro deAgricultura Alternativa do Norte de Minas, durante visita à área da mineradora,eles afirmaram que a barragem será impermeabilziada por meio de argila, o quetraz ainda mais insegurança para a população e para consumidores de água daBarragem do Bico da Pedra.
Para José Marques, presidente do Sindicato dos TrabalhadoresRurais de Janaúba, é preciso muito cuidado e acompanhamento do processo e énecessário que a população tenha acesso a mais informações. Ele conta que “abarragem do Bico da Pedra é um patrimônio de toda a região, não só de Janaúba,mas de outros municípios que compõem o Vale do Gorutuba e se chegar acontaminar o prejuízo será incalculável”.
Para Elton Mendes Barbosa, coordenador geral do STR dePorteirinha e da Articulação no Semiárido Mineiro, ASA Minas, uma grandepreocupação é o montante de água que será utilizado, tendo em consideração,principalmente, o fato da região estar no Semiárido. Segundo estudos da própriamineradora, serão utilizados nesse processo cerca de 400 milhões de litrosd’água por ano. Enquanto isso, muitas famílias do Semiárido não possuem água nempara suas necessidades básicas diárias que, segundo a ONU (Organização dasNações Unidas), é de 110 litros de água.
Em uma escala que vai de 1 a 6, que classifica o potencialpoluidor de um empreendimento, o Projeto de Mineração Riacho dos Machados é classificadocomo um empreendimento classe 6, ou seja, nível máximo. Sendo assim,reconhecido como de alto risco de contaminação. Após ter conseguido a LicençaPrévia (LP) que garante permissão para estudos locais, agora o empreendimentoestá em busca da Licença de Instalação (LI).
Fonte: Correio do Brasil
Tags: Meio Ambiente, Mineração, Ouro