O mercado para o minério de ferro aposta em estabilidade de preços no último trimestre deste ano. Esta é a expectativa de analistas e de siderúrgicas para os últimos três meses do ano após a volatilidade dos mercados financeiros e das commodities metálicas, que caíram a reboque do pessimismo quanto ao desempenho da economia mundial. A perspectiva é de que o mineral fique entre US$ 175 e US$ 180 por tonelada, e de que os preços da maior produtora deste insumo, a Vale, fiquem em um patamar mais baixo ainda, US$ 150 pelo mesmo volume de matéria-prima.
De acordo com o economista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, está ocorrendo um movimento de aversão ao risco. O reflexo dessa tensão é verificado no mercado de commodities, que sente o nervosismo gerado pela turbulência da crise econômica e que tem levado os preços dos minérios para baixo, como o níquel, que na última sexta-feira teve declínio de 8%.
“A tendência para o minério de ferro é que esse valor fique em US$ 180 a tonelada. A média de US$ 175 do último mês de setembro deve pautar o preço do insumo no início de 2012”, analisou ele. Galdi calcula que a Vale, por negociar individualmente com os clientes a cada três meses e ser pressionada a conceder descontos, deverá fechar um preço médio de US$ 150 a tonelada.
Para Stefânia Grezzana, analista de mineração e siderurgia da Tendências Consultoria, não deve haver grandes oscilações no preço do minério de ferro para o próximo trimestre. “O mercado está apertado na relação de oferta e demanda, essa última que cresce a cada dia no mundo todo”, afirma. A analista menciona que nos últimos dias tem ocorrido uma retração nos preços do minério de ferro, portanto, seria difícil vislumbrar um cenário com aumento da tarifa.
China
Galdi lembra que a Vale negocia grandes quantidades de minério de ferro com a China, que produz 50% do aço do mundo. Para tanto, o país asiático precisa importar grande parte do montante que utiliza, já que suas reservas possuem baixo teor de ferro contido (cerca de 20%), e para transformar o minério, é necessária uma concentração de 65%.
Para se ter uma ideia do peso que os embarques para aquele país tem para a Vale, somente no segundo trimestre deste ano, a China respondeu por 31,3% da receita de vendas da Vale, o equivalente a mais de R$ 8 bilhões sobre o total de R$ 25,6 bilhões que a mineradora brasileira obteve entre abril e julho deste ano.
Procurada pela reportagem do DCI, a Vale informou que não se pronuncia sobre a expectativa dos preços do minério de ferro para períodos futuros.
Alternativa
Mas não são apenas os analistas que acreditam na estabilidade de preços. Pelo lado do consumidor, o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, também aposta que o preço do minério de ferro deva apresentar estabilidade. Ele cita que o plano da empresa é conseguir a autossuficiência em relação a esse minério até 2015.
“O nosso grande investimento é em mineração”, comentou Brumer, confirmando a tendência de aportes cada vez mais significativos das siderúrgicas na produção da matéria prima. Esse fator decorre da margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) da área de mineração, que no caso da Usiminas já supera o do negócio de siderurgia da companhia.
Uma confirmação desse aquecimento é a posição do Brasil na produção de minério de ferro. O País continua sendo o segundo maior produtor mundial. De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção interna nesse segmento ficou em 370 milhões de toneladas, em 2010, o equivalente a 16% do total mundial, 2,3 bilhões de toneladas.
Ainda segundo o Ibram, as reservas medidas e indicadas de minério de ferro, no País, chegam a 29 bilhões de toneladas. Com essa quantidade significativa, o Brasil está atualmente em quarto lugar em relação às reservas mundiais, que hoje giram em torno de 160 bilhões de toneladas. Porém, a entidade afirma que considerando as reservas em termos de ferro contido, o País assume posição de destaque.
Nesse sentido, a Vale, como maior mineradora do insumo no mundo, recebeu mais um navio cargueiro de um total de sete encomendados ao estaleiro coreano Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering, em um investimento total de US$ 748 milhões para escoar sua produção.
Fonte: DCI
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