Crise Externa não altera projetos das mineradoras

14/09/11

Aportes devem ser mantidos. Crise que ameaça mercado externo não deve afetar inversões de US$ 68,5 bi até 2015.

O instável panorama econômico internacinonal, com crises de conseqüências imprevisíveis nos Estados Unidos e na Europa, não deverá afetar os investimentos programados pela indústria extrativa mineral, na avaliação de especialistas. Estima-se que as mineradoras farão aportes no país da ordem de US$ 68,5 bilhões, até 2015. Apesar do temor de que as crises financeiras localizadas contaminem o mercado global, a demanda por commodities minerais, especialmente por parte da China, deverá manter os projetos em desenvolvimento. Colabora para esse entendimento o déficit atual da oferta de minério de ferro no mundo.

O cenário econômico adverso no mercado internacional não deverá afetar os investimentos previstos pela indústria extrativa mineral, principalmente no segmento de minério de ferro, conforme especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. Estima-se que as mineradoras realizarão no país aportes da ordem de US$ 68,5 bilhões até 2015.

Apesar do temor de que a crise na Europa contamine os demais mercados, a demanda por commodities minerais, principalmente por parte da China, deverá manter as inversões. Além disso, atualmente há um déficit de oferta de minério de ferro no planeta.

Na análise do presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), José Mendo Mizael de Souza, o consumo asiático deverá contribuir para a manutenção dos investimentos em ampliação da capacidade de produção, mesmo diante de um cenário adverso. Conforme ele, a China e a Índia possuem populações gigantescas, que deverão manter a demanda.

Além disso, ele ressalta que houve uma inversão estrutural no mercado nos últimos anos, tornando os aportes em extração mineral atrativos. “A matéria-prima valia pouco, mas atualmente as commodities possuem preços elevados”, diz.

O analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, também acredita que as inversões por parte de grandes empresas, como a Vale S/A, serão mantidas independentemente de problemas externos. Ele lembra que estas companhias estão capitalizadas e contam com recursos para manter os aportes.

Além disso, o especialista afirma que não há sinalização de mudanças significativas nos preços do minério no mercado internacional, que deverão ser mantidos em patamares elevados.

A cotação da commodity apresentou elevação significativa após a crise financeira de 2008. Os preços foram impulsionados pelo consumo das siderúrgicas chinesas. Com a demanda aquecida, as mineradoras abandonaram o modelo de contrato anual e passaram a reajustar o insumo trimestralmente. Em um ano os valores aumentaram cerca de 100%.

Já para as pequenas mineradoras as previsões podem não ser tão otimistas. Galdi lembra que estas empresas poderão ter maior dificuldade em manter investimentos em caso de um agravamento da crise.

A continuidade dos investimentos também é esperada pelo doutor em administração e professor aposentado de Economia Mineral da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Marco Antônio Tourinho. Ele explica que os desdobramentos de uma crise demoram para impactar os investimentos da indústria extrativa. Porém, ele lembra que os preços podem ser afetados rapidamente.

Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), os aportes do setor mineral somarão US$ 68,5 bilhões até 2015. E os projetos de minério de ferro devem receber dois terços das inversões previstas. A expectativa é de que eles totalizem US$ 44,9 bilhões.
Minas – Entre os investimentos em Minas Gerais estão os US$ 4,3 bilhões da Anglo American no projeto Minas-Rio. O empreendimento terá capacidade de processar 26,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro e compreende o complexo em Conceição do Mato Dentro (região Central) e um mineroduto de 525 quilômetros de extensão, entre as jazidas e o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), do qual a mineradora tem participação de 49%, em parceria com a LLX, do grupo EBX.

A região Norte de Minas, conhecida como nova fronteira minerária, também concentra investimentos significativos. Somente a Sul Americana de Metais S/A (Sam) investirá US$ 3 bilhões até 2014 para produzir 25 milhões de toneladas anuais.

Os aportes são impulsionados pelo aquecimento do comércio exterior. As exportações de minério de ferro no Estado somaram US$ 9,789 bilhões entre janeiro e julho, contra US$ 5,621 bilhões nos mesmos meses de 2010, alta de 74,1%. A participação da commodity nos embarques do período foi de praticamente 44%, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Rafael Tomaz.

Fonte: Diário do Comércio

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